Frequento a igreja desde a minha infância e na adolescência recebi Jesus como meu Salvador, mas sempre andei na beira do rio de Deus como Ezequiel fala no capítulo 47. Eu “tentava” ser uma boa menina com Deus e Ele era bom comigo (quanta inocência, eu não sabia de nada mesmo! rs). Tudo na minha vida ia bem, apesar das lutas (que todos nós temos). Em 2007 eu e meu namorado na época, hoje atual marido, compramos um apartamento na planta, no ano seguinte eu iria me formar, no outro iria me casar e no outro o apê ficaria pronto.
Da compra do apê até a previsão da entrega eram 3 anos. Decidimos nos casar em 2009 e morar “apenas um ano” na casa da minha mãe. Em 2010 eu consegui o emprego dos meus sonhos e seria o ano da entrega do nosso apartamento. Tudo ia bem com Deus, afinal eu era uma boa menina que ia na igreja todos os cultos (todos mesmo), participava dos ministérios, não ouvia música secular, não andava de forma indecente, até orava e lia a bíblia...rs.
Eu era uma crente “politicamente correta”, igual a uma criança quer ganhar presente do Papai Noel e estuda pra passar de ano..rs. Era assim a base do meu relacionamento com Deus. Achava que para ganhar as coisas eu tinha que fazer por merecer, então me comportava muito bem. Até então eu não tinha consciência da minha motivação errada em amar e servir a Deus.
Achava que as bençãos que eu tinha eram frutos do meu “esforço”. Mas um dia a máscara cai pra todo mundo e o Espírito Santo trás à tona os pecados ocultos. Nessa época comecei a ouvir os tão dolorosos NÃOs de Deus. Meu apartamento que estava previsto para ser entregue em janeiro de 2010 foi entregue em setembro de 2011.
A construtora tentou fazer uma proposta "indecente" para que desistíssemos do apartamento e eles poderem revender pelo dobro do preço. Mesmo com a dor de não realizamos o sonho de ir para nossa casa no tempo programado, batemos o pé e ficamos com o apê. Então, decidimos esperar o tempo q fosse preciso.
Na mesma época começaram a acontecer alguns problemas na minha igreja e eu não concordava com a postura do pastor. Ao invés de eu orar e levar as minhas queixas pra Deus, eu resolvi largar todos os ministérios e sair da igreja. Decidi que não iria em igreja alguma pois podia muito bem orar, ler a bíblia e assistir as pregações pelo Youtube em minha casa (quanta inocência parte 2! rs).
Decidi então, aderir ao movimento: Jesus sim e igreja não. Fiquei mais de seis meses sem pisar na minha igreja. Meu relacionamento baseado em trocas com Deus se arruinou. Eu, que sempre fiz tudo certinho, agora via pessoas que considerava menos santas que minha pessoa, casando, indo para suas casas e eu ainda morando com a minha mãe (quero ressaltar que minha mãe sempre foi uma benção e nunca se intrometeu no meu casamento durante os quase 2 anos que ficamos morando lá).
Mas eu não percebia isso, que mesmo as coisas não acontecendo do jeito que eu queria, Deus ainda era muito bom comigo. O orgulho, inveja, maledicência, tudo isso veio à tona na minha vida e comecei a sentir raiva de Deus. No início da minha “rebeldia” com o Senhor, eu fui visitar a antiga igreja que meu marido frequentava. As pessoas lá me conheciam só por vista e era um lugar bem pequeno e simples.
Durante uma destas oportunidades Deus usou a vida de uma irmã, que eu nem conhecia, para falar comigo: “Deus está preparando o seu ventre pra receber um filho e essa criança virá para restaurar a alegria da sua família”. Como assim preparar o meu ventre? Minha ginecologista sempre disse que meu útero era perfeito e que poderia ter 10 filhos se eu quisesse. Mas só quem é nascido no Espírito entende das coisas do Espírito e isso era uma coisa que eu não era, ainda.
O tempo foi passando e eu comecei a sentir uma tristeza, comecei a afundar cada vez mais em minha raiva, rancor e mágoa com Deus. Até que um dia encontrei, no ônibus, uma moça que congregou muitos anos na mesma igreja que eu e saiu pelo mesmo motivo: rebeldia. Conversa vai, conversa vem mal sentimos que lá fora um trânsito caótico fez com que o trajeto que durava 20 minutos durasse mais de uma hora.
Durante aquela conversa eu disse uma frase que nunca vou esquecer. “Fulana, a nossa vida só vai andar para frente quando voltarmos a nos reconciliar com o passado, assim como Jacó fez”. Uaaauu o que foi isso? Eu disse isso mesmo? Não, não fui eu quem disse. Foi o Espírito Santo que disse. E o Espírito Santo ainda falava através de mim?
Naquele momento entendi perfeitamente como Paulo diz, em 2 Coríntios 4:7, que temos, porém, esse tesouro em vasos de barro, para demonstrar que este poder que a tudo excede provém de Deus e não de nós mesmos. E eu era um vaso de barro todo quebrado, mas o Poder de Deus ainda habitava em mim.
Eu fiquei o dia todo com esta frase na minha cabeça e só me lembrava de uma música: Peniel da Fernanda Brum. “Como é difícil voltar e encarar o meu passado. Tantos erros eu cometi, mesmo assim Tu me amas. Confronta-me, restaura-me, vem e muda o meu nome e envergonhado eu nunca mais serei” dizia a letra da canção. Eu sabia exatamente o que fazer para sair do pântano da amargura, mas como fazer? Com que forças?
Foi então quando decidi voltar a frequentar minha antiga igreja. No momento em que entrei lá, a minha vontade era dar meia volta e voltar para casa. O inimigo não ia desistir tão fácil. Durante meses eu ia às reuniões e não conseguia me “conectar” com o Pai. O culto pegando fogo e eu lá, mais fria do que um ice berg. Muitas vezes saia do templo com raiva e eu não conseguia explicar o porquê.
Eu precisava passar pelo processo de libertação e isso só temos em “consultas regulares com o Dr. Jesus”...rs. Voltar a ser uma frequentadora de igreja, ativista do movimento gospel, ou sei lá o que, não iria me libertar. Mas Deus não nos olha como estamos e sim como Ele nos criou, e Ele decidiu me resgatar das cadeias do inferno.
“Mas Deus prova Seu amor para conosco assim, sendo nós ainda pecadores, Cristo morreu por nós” (Romanos 5:8). Gosto muito desse versículo que fala que Deus nos amou primeiro e faz o que for preciso para nós resgatar, entregando Jesus à morte. E foi assim que Ele fez para me alcançar de novo.
Ele me mostrou o seu infinito amor, antes que eu clamasse por Ele. Eu estava presa na armadilha de satanás e queria sair de qualquer jeito. Porém, eu queria sair com a minha própria força. Eu tinha vergonha de Deus, porque eu havia me esquecido dEle. Eu não tinha a “cara de pau” de pedir algo pra Jesus (olha o orgulho ai).
Eu estava sozinha, lutando contra a opressão do inferno (sozinha, porque eu não deixava Deus lutar por mim), em meio à tantos sonhos frustrados apenas tinha um que havia sobrevivido, o de trabalhar na área de planejamento financiamento. Este era o meu sonho desde antes da faculdade, mas nunca pedi isso pra Deus por não me achar habilitada para isso.
Em junho de 2011 surgiu uma vaga nesta área na empresa em que eu trabalhava e meu chefe me indicou para o diretor. Como assim? Eu nunca falei nada pra ninguém sobre meu interesse e nem sabia da existência dessa oportunidade. Meu chefe só me falou assim: O diretor vai chamar você pra conversar e ver se aceita o cargo. Como assim, aceitar? É claro que eu aceito!
Eu mal podia acreditar que isto estava acontecendo. Deus estava sendo bom comigo mesmo com o meu mal comportamento. Foi ai que a minha vida começou a mudar. Ficou definido que eu iria sair de férias em julho e no mês seguinte entraria na nova função. Durante as férias, assinamos a documentação do financiamento do meu apartamento e poucos dias depois estávamos com as chaves em mãos.
Mais uma benção alcançada, mas eu ainda estava muito triste e tinha vergonha de Deus. Voltei de férias e comecei a trabalhar no novo departamento. Duas semanas depois eu fui à um show com o Diante do Trono e lá pedi perdão para a líder do grupo de jovens da minha igreja, uma das pessoas que eu havia me rebelado ao som de: “Só o Teu amor, só o Teu amor, sara a minha dor, preenche o meu viver. Só o Teu poder, só o Teu Poder, quebra as cadeias que prendem o meu ser...”.
Ali as cadeias quebraram e eu estava livre para viver tudo o que Jesus tinha preparado pra mim. Em menos de uma semana eu descobri que eu estava grávida. Mais uma benção venho para mudar a minha vida. Deus havia me restaurando e fazendo tudo novo em meu viver. Emprego novo, casa nova e um membro novo na família! Mas e a preparação do meu ventre?
Era do meu ventre espiritual que Ele estava falando: do meu coração. Durante os próximos 9 meses foram momentos de muito derramar de lágrimas na presença do Pai. Assim como o meu corpo estava em transformação para que meu filho nascesse, Deus estava transformando o meu Espírito para que Ele nascesse de novo. A vivência da maternidade me deixou muito mais apaixonada por Ele, porque até eu que sou má, sei dar boas coisas ao meu filho, quem dirá o Pai Celeste?
Hoje vejo o quanto Ele é bom comigo, não por eu ser boazinha, mas porque a bondade e a misericórdia fazem parte do caráter dEle. As circunstâncias não mudam quem Ele é. Tudo o que eu fizer para Ele, nunca chegará perto do que Ele fez por mim. Não paga nem o juros da dívida que eu tinha e Ele pagou...rs. Tudo o que eu falar, disser e fizer será nada perto da altura, largura e comprimento do Seu amor por mim.
Desculpe - me o texto enorme, mas precisa compartilhar meu testemunho com você. Admiro muito o seu ministério e vejo que Deus ainda te levará longe para testemunhar do Poder transformador dEle.
Bjos,
Naty
